Há momentos na vida que nos marcam para sempre. Para mim, um desses momentos foi a última vez que vi o meu irmão. No dia 28 de dezembro de 2019, lembro-me de olhar para ele, com aquele sorriso contagiante, enquanto eu me preparava para seguir meu sonho de morar sozinho. Eu queria prepará-lo para ver o mar, para ele sentir a brisa da praia e se deslumbrar com o que há de mais simples, mas tão bonito. Comprei até uma cama inflável para ele estrear na minha nova casa, e mal podia esperar para o receber.
Poucos dias depois, no dia 9 de janeiro de 2020, recebi uma ligação urgente de nosso irmão. Ele me pediu para voltar rapidamente, pois algo não estava bem. Eu sabia que era grave, mas também sabia que não havia sido avisado de tudo até chegar. Talvez tenha sido melhor assim. A última lembrança que tenho do meu irmão é dele no sofá, com aquele olhar cuidadoso, me avisando sobre a boca do fogão que ficou ligada sem panela. Era seu jeito de ser, sempre atento, sempre com aquele sorriso.
Desde então, vivo com a ausência dele como uma presença constante. Ele foi mais que um irmão; foi um exemplo de alegria e de força, uma inspiração que nunca se apagou. Lembro-me de momentos simples que compartilhamos, como quando ele comia bolacha e banana das minhas mãos enquanto nossa mãe se ocupava de outras coisas. Lembro de nossos risos, das vezes que íamos para a piscina e ele ficava no meu colo, vibrando com a água e com a vida. Esses momentos foram nossa conexão – simples, mas profundos, marcados pelo amor.
Ao longo dos anos, carrego o peso da saudade, mas também uma imensa responsabilidade de viver como ele viveria: com alegria, com coragem e com uma determinação que não se abala. Ele me ensinou que a vida é para ser vivida ao máximo, mesmo com os desafios, mesmo quando tudo parece conspirar contra.
Na busca por essa independência, me mantenho firme. Sempre quis uma vida com propósito, que respeitasse meu espaço e me permitisse ser eu mesmo. Luto todos os dias pela minha autonomia, enfrentando as dificuldades que vêm com a minha condição física, sem me abater. No fundo, sei que, de alguma forma, continuo vivendo por ele também. Cada passo que dou em direção aos meus sonhos, é como se estivesse honrando a força que ele tinha, a força que ele me ensinou.
Mas nem sempre é fácil. Hoje, vejo uma sociedade que se tornou mais fria e superficial, onde as pessoas parecem ter perdido o sentido da empatia. A pandemia, que trouxe tanta dor ao mundo, deixou um rastro de individualismo e de indiferença que me entristece. As religiões, tantas vezes um refúgio, parecem se perder em meio ao foco financeiro, e o preconceito, embora mais discreto, continua vivo. Em meio a tudo isso, sigo tentando encontrar meu lugar, sem perder o que aprendi com meu irmão.
Tenho sonhos – sonhos simples, mas significativos. Penso em uma casa no interior, com um espaço que me permita mover com liberdade, onde eu possa envelhecer com dignidade e conforto. Imagino uma suíte com banheira, um pequeno refúgio de paz, onde posso relaxar. E, quem sabe, até uma sala para treinar e fortalecer meu corpo, mantendo a saúde por tanto tempo quanto for possível. Luto diariamente para que esses sonhos se tornem realidade, não só por mim, mas para honrar a memória de quem me inspirou.
Nos dias difíceis, às vezes sinto o peso da solidão. Penso em como seria bom tê-lo aqui, para dividir a vida, para partilhar as vitórias e as batalhas. Às vezes, parece que a sociedade coloca obstáculos demais, especialmente para quem, como eu, busca ser independente e mostrar ao mundo que é capaz. Em outros momentos, sinto o impulso de desistir, de me deixar vencer pelo cansaço. Mas então me lembro daquele sorriso – o sorriso dele – e me recuso a ceder. Não vou parar de lutar.
Nessa caminhada, tudo que me importa é ser fiel a quem eu sou, aos meus valores e àquilo que acredito. Não quero fama, não busco validação. Quero apenas viver uma vida plena, honesta e verdadeira, onde eu possa sentir orgulho de cada pequeno passo que dei. É assim que mantenho viva a lembrança do meu irmão: com cada novo desafio enfrentado, com cada sonho que cultivo, com cada momento em que escolho continuar, mesmo quando o caminho se torna árduo.
Hoje, ao olhar para trás, percebo o quanto ele me deu forças para estar aqui, o quanto ele acreditou em mim quando ninguém mais o fez. Sua memória é meu combustível, sua força é o que me faz seguir em frente. Não há um dia em que eu não deseje que ele estivesse aqui, mas sei que, de alguma forma, ele está – em cada conquista, em cada sorriso que consigo esboçar, apesar das dificuldades.
Em um mundo onde a superficialidade parece ter se tornado regra, escolho honrar a profundidade de um amor que nunca se apagará. Escolho lutar, viver e sonhar, levando comigo tudo o que ele me ensinou. Essa é minha homenagem, meu tributo e minha forma de eternizar aquele que me mostrou que a vida vale a pena ser vivida, mesmo nas adversidades.
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Apoie o meu sonho, e juntos, vamos fazer com que o amor e a compaixão prevaleçam. Meu irmão me ensinou que é possível encontrar felicidade mesmo nas circunstâncias mais difíceis. E agora, com a sua ajuda, eu quero seguir esse caminho, com esperança e determinação, rumo a uma vida digna e independente.